sábado, 26 de setembro de 2015

PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA PESSOAS VIVENDO COM HIV

Hoje escrevo sobre um assunto que não está diretamente ligado as atividades aquáticas, porém por ser relevante e tema de minha tese de doutorado acredito ser muito oportuno.

A aids é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico.  Causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), ), que ataca principalmente os linfócitos T CD4+, alterando seu DNA para produzir mais cópias de HIV (BRASIL, 2011). Os primeiros casos foram descobertos e definidos como aids em 1982. Em poucos anos a enfermidade multiplicou-se, provocando inúmeras mortes.
A partir da década de 1990, aumenta a utilização da terapia antirretroviral (TARV)l, que impede a multiplicação do vírus no organismo, prolongando o tempo e a qualidade de vida do indivíduo soropositivo. Com o advento da TARV, a infecção pelo vírus HIV pode ser considerada uma doença crônica e manejável (TERRY, 2006)
No Brasil, a partir de 1996 passa a ser distribuído gratuitamente para os que necessitam de tratamento. Depois de longo tempo de uso, a TARV pode provocar efeitos colaterais, além de danos a alguns órgãos, lipodistrofia (mudança na distribuição de gordura corporal), diabetes, alterações no perfil lipídico e osteoporose. (CARR et al., 1999DOLAN et al., 2004MCCOMSEY et al., 2011) e anormalidades no SNA (BORGES, J. et al., 2012LEBECH et al., 2007).
No Brasil, desde o início da epidemia até 2014 foram notificados 757.042 casos de aids, sendo a média anual dos últimos 5 anos de 39,7 mil casos. A taxa de detecção de aids no país é de 20,5 casos por 100 mil habitantes (BRASIL, 2014).
O exercício físico é um notório controlador dos efeitos colaterais da TARV, quando esses acontecem (por outros fatores) em indivíduos não portadores de HIV (ALMSTEDT et al., 2011EKELUND et al., 2011).

A possibilidade do exercício como uma intervenção barata e segura levou a órgãos governamentais ou do terceiro setor a recomendar a atividade física e criando seus manuais de orientações.





Intensidade e volume
      Lira (1999) em revisão do assunto afirma ser prudente que a intensidade fique abaixo do limiar anaeróbico;
      Stringer (1999) indivíduos com CD4 < 200 cel/mm3 é prudente recomendar intensidade moderada ao invés de alta intensidade aeróbica.
      Palermo e Feijó (2003) recomendam a intensidade de até 75% do Vo2máx  e até 45 min.
      Terry  et.al. (1999) em ensaio clinico mostraram que intensidades de 60% e 85% da Fcmáx não modificaram de maneira significativa o número e % de CD4, CD8 e CD4/CD8.




O risco que não se deve correr é expor a pessoa vivendo com HIV a imunossupressão aguda e transitória com a alta intensidade do exercício.

EM LINHAS GERAIS A PRESCRIÇÃO ADEQUADA

      Exercícios de força 8 a 15 repetições máximas ;
      Exercícios aeróbios (contínuo ou intervalado), com duração de 20 a 60 minutos e intensidade variando de 60 a 85% da frequência cardíaca máxima;
      Exercícios de flexibilidade;
      Frequência – 3 a 5 vezes por semana;
*    Sempre com liberação do médico responsável
*    Preferencialmente níveis de linfócitos TCD4 > 350 cel/mm3
      O exercício não funciona como um substituto da TARV.

BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO
      Melhora ou manutenção do TCD4;
      Melhora da força muscular;
      Aumento da massa magra;
      Redução do G%
      Controle das dislipidemias e glicemia;
      Melhora do condicionamento cardiorrespiratório;
      Melhora da flexibilidade;
      Melhora da auto estima;
      Melhora da Qualidade de vida



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