Pode sim, tanto que já
existe! Tem sido uma constante há muito tempo a adaptação das modalidades de
sucesso em ambiente terrestre para o meio líquido, vide Spinning x AquaSpin;
Jump x Jump aquático, Step x Step aquático, Pilates x AquaPilates; pliometria x
pliometria aquática, pole dance x Aqua pole etc... Algumas destas modalidades
não passam de modismo e às vezes até adaptações esdrúxulas, já outras têm uma
eficiência comprovada e fazem grande sucesso.
Não há pretensão aqui de
explicar o que é o HIIT, pois já está bem documentado por artigos, reportagens
e até em material postado por ótimos professores no próprio Instagram. De toda
forma cabem algumas considerações apenas para contextualização. HIIT é
High-Intensity interval trainning e consiste basicamente em estímulos de alta
intensidade seguidos de intervalos ativos ou passivos em curto espaço de tempo.
O mais conhecido é o método de Tabata que utiliza 20s de exercício de alta
intensidade por 10s e recuperação por 8 ciclos, totalizando 4 minutos.
O HIIT não é necessariamente
novo, muito pelo contrário o método Tabata data da década de 90 e leva o nome
de seu criador Izumi Tabata. O HIIT na verdade é um treino intervalado (TI),
que se formos mais para trás no tempo, veremos que o TI é considerado o marco do
período científico do treinamento desportivo e data de pouco antes da 2a
mundial com o treinador GERSCHLLER superando recordes mundiais dos 400 m e 800
m de corrida (TUBINO, 1993)...o resto é
história!
Os tipos tradicionais de TI
que mais se assemelham ao HIIT são: TI rápido e Interval Sprint, porém com um
número de estímulos muito maior que os 8 preconizados pelo Tabata. O que chama
atenção atualmente é uma série de estudos mostrando a eficiência do método (CASSIDY et
al., 2015; FISHER et al., 2015; KETEYIAN et
al., 2014; LIOU et al., 2015; SHIRAEV;
BARCLAY, 2012) o que acabou corroborando para o enorme
sucesso.
Sucesso comprovado pelo guia
para tendências do fitness para cada ano do American College of Sports Medicine
(ACSM) onde o HIIT já figurava como atividade que viria com força nos guias de
2014, 2015 e também aparece como tendência no guia para 2016, ou seja, está em
voga!



Buscando no Pubmed com a
palavra chave HIIT são listados 220 artigos, mas quando se busca o HIIT relacionado
ao meio líquido apenas 8, sendo 6 para natação, demonstrando o pouco de
conhecimento produzido em relação às atividades aquáticas.
Qual exercício deve ser
feito durante os estímulos? Vários tipos de exercícios são permitidos
(bicicleta, corrida, saltos, etc.) e por que não o aquático? Sim é uma ótima
opção e variação do treino, porém algumas considerações são necessárias.
·
Conhecimento
das diferenças fisiológicas terrestre x aquático
- Existe uma série de
modificações que ocorrem com a imersão, entre as principais podemos citar a
diminuição da FC em relação ao exercício terrestre, devendo o professor se
basear pela Escala de Percepção Subjetiva de Esforço para atingir a intensidade
desejada.
·
Conhecimento
das diferenças biomecânicas terrestre x aquático
·
- Em relação à sustentação do peso corporal,
há que se observar a atenuação dos efeitos da gravidade o que pode atrapalhar na
obtenção da intensidade desejada.
·
Como
encaixar o modelo em sua programação?
- Pode-se criar um programa
de aulas de curta duração no meio líquido constando de aquecimento – HIIT –
resfriamento, utilização deste método no treinamento personalizado e até com
muito critério incluir dentro da estrutura de uma aula tradicional de
hidroginástica e natação
·
Quais
alunos estarão aptos a realizar?
- Em relação aos alunos que
podem praticar percebemos no senso comum a não recomendação para cardiopatas,
hipertensos, diabéticos, destreinados entre outros que não figuram nos
altamente condicionados. Entretanto as pesquisas não embasam o senso comum onde
populações específicas têm obtido ótimos resultados (BOIDIN et al., 2015;
GRAVEL et al., 2015; KETEYIAN et al 2014; RUSTAD et al., 2014), inclusive
superiores ao tradicional treino contínuo. Aqui reside a importância do conhecimento!
SPERLICH et
al. (2010) utilizaram o HIIT na
natação em atletas nadadores de 9 a 11 anos e verificaram melhora no desempenho
em curto espaço de tempo (2 semanas). BOIDIN et al.
(2015) utilizaram HIIT em
bicicleta aquática e compararam o resultado com exercícios de resistência em
ambiente terrestre (os grupos seguiram uma dieta) e encontraram redução no peso
e melhora em vários parâmetros em indivíduos obesos para ambos os grupos,
demonstrando que o exercício aquático pode ser uma alternativa com baixo risco
de lesão para este público.
Um
estudo realizado em ratas com retirada de ovário, dieta para induzir a
obesidade e uso do HIIT em meio liquido, demonstrou que o treinamento
intervalado de alta intensidade pode fornecer vários benefícios como: redução
do peso, pressão arterial e estresse oxidativo, assim colaborando para uma
diminuição do risco de doenças cardiovasculares e metabólicas (PIMENTA et
al., 2015).
HIIT
na água? Pode! Agora é utilizar seu conhecimento e criatividade.
Abraços
aquáticos
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