Natação

 Treino de força e natação


Já faz um tempo que os nadadores ampliam seu treinamento fora d’água, principalmente o treino de força muscular. Apesar de o músculo ser um pouco mais denso que água (músculo afunda), as vantagens do ganho de força superam em muito qualquer tipo de diferença na densidade corporal. Lógico que não estamos falando de grande ganho de massa corporal (tipo físico de competidor de fisiculturismo), onde até os movimentos da técnica natatória poderiam se prejudicados, assim como a flutuabilidade. Lembrando que a performance no nado depende de uma série de fatores, Vilas-Boas (2000) em excelente revisão do assunto, fez diversas observações do assunto. Para o autor a performance na natação é determinada por alguns fatores: o “input” energético total (aeróbio + anaeróbio), a razão entre a eficiência mecânica propulsiva total e a intensidade da força de arrasto hidrodinâmico oposta ao deslocamento do nadador que reflete a habilidade técnica deste último. A força muscular (não isolada) entra no “input” tanto aeróbio como anaeróbio e na eficiência propulsiva. Crowley et. al. (2017) fizeram uma revisão sistemática, concluindo que diversos tipos de treino de força podem ajudar no desempenho do nado seja curta ou longa distância. Os autores avaliaram trabalhos com treinamento de força tradicional, swim-bench training (tipo de ergômetro fora d’água que simula a puxada da natação), core training, treinamento específico para natação com roupas de arrasto e elásticos. Todos de alguma forma parecem trazer algum benefício de transferência para o nado. Os autores completam que para uma ótima transferência o ideal seria baixo volume, alta velocidade/força nos programas de treinamento de força. Entretanto ainda não está muito claro qual o melhor método (volume, intensidade, tipo de treino, intervalo, velocidade etc...) para cada especificidade como: diferenças para homens e mulheres, para nadadores de fundo e velocistas, para cada tipo de nado...
Nosso grupo do Laboratório de Fisiologia e Desempenho Humano (LFDH/UFRRJ) tem uma linha de pesquisa que investiga a correlação de força de handgrip x velocidade do nado em nadadores jovens e atletas de pentatlo militar, os resultados preliminares apontam para que os atletas com maior força de handgrip tem mais velocidade no nado, principalmente em provas rápidas. (aguardem as publicações).
Então já sabe, quer melhorar seu desempenho, dê uma geral na técnica e não deixe de TREINAR FORÇA! Procure um professor de Educação Física para te ajudar!

 CROWLEY, Emmet; HARRISON, Andrew J.; LYONS, Mark. The impact of resistance training on swimming performance: A systematic review. Sports Medicine, v. 47, n. 11, p. 2285-2307, 2017.

VILAS-BOAS, João Paulo. Aproximação biofísica ao desempenho e ao treino de nadadores. Revista Paulista de Educação Física, v. 14, n. 2, p. 107-117, 2000.




Alongar ou não (antes da natação), eis a quesão.

Uma cena comum é observada antes da prática de atividades físicas, exercícios físicos e competições, o alongamento. È senso comum a utilização de movimentos de alongar pré e pós o exercício, tendo o status de ser profilático e benéfico ao desempenho físico (Rubini, Costa et al. 2007). No entanto, pesquisas científicas sugerem que esse recurso pode ser prejudicial quando aplicado de forma aguda ao desempenho de valências físicas fundamentais ao rendimento atlético (Nelson, Guillory et al. 2001; Cramer, Housh et al. 2004; Shrier 2004; Hayes, Kindig et al. 2005; Marek, Cramer et al. 2005; Nelson, Driscoll et al. 2005; Rees, Murphy et al. 2007; Behm and Chaouachi 2011; Mikolajec, Waskiewicz et al. 2012) e que o mesmo não diminui o risco de lesões (Gleim and McHugh 1997; Farinatti 2000; Pope, HERBERT et al. 2000; Andersen 2005).
Qual a explicação para esta quebra de paradigma? Os exercícios de alongamen­to parecem produzir uma diminuição aguda na viscosidade das estruturas tendinosas (Kubo, Kanehisa et al. 2001), permi­tindo que as fibras musculares deslizem com menos eficiência para a realização do movimen­to. Ao mesmo tempo, exercícios de alongamento podem gerar um aumento da complacência mus­cular, que pode limitar a quantidade de pontes cruzadas, diminuindo a capacidade do músculo para produzir força (Wilson, Murphy et al. 1994) e, além disso, o alongamento parece promover uma menor ativação das fibras intrafusais, devido uma menor excitação dos α-motoneurônio (redução da sensitividade reflexa (Fowles, Sale et al. 2000). Deve ser destacado também, que durante o alongamento estático ocorre uma elevação da concentração intracelular de Ca++ e isso se relaciona com a redução na tensão máxima de contração (ARMSTRONG, DUAN et al. 1999; Nelson, Kokkonen et al. 2005). Então, todos os fenômenos supracitados podem ser ativados pelo alongamento muscular e contribuir de maneira direta sobre o sistema neuromuscular, comprometendo assim o desempenho do nado, principalmente, em provas que necessitem desta produção imediata de força.
Importante ressaltar dois tópicos importantes – qual método de alongamento utilizado? e o tipo de atividade na natação (competição, treino ou recreacional). Existe uma discussão semântico-fisiológica quanto à denominação do termo alongamento, o que não é foco desta resenha. Porém não podemos colocar todos os tipos e maneiras de alongar a musculatura no mesmo saco, pois são bem diferentes entre si e parece que os métodos que trabalham em intensidades de estiramento próximas do máximo ou no máximo de fato podem atrapalhar o desempenho e não ter qualquer efeito de segurança (muito pelo contrário), assim como é importante o tempo de execução.
Ao considerar os efeitos agudos do alongamento como prejudiciais ao desempenho físico, os presentes resultados se somam a literatura (Nelson, Guillory et al. 2001; Hayes, Kindig et al. 2005; Nelson, Driscoll et al. 2005; Behm and Kibele 2007; Rees, Murphy et al. 2007; Costa e Silva, Silveira et al. 2012; Mikolajec, Waskiewicz et al. 2012). O problema para abrir uma discussão aqui é que os estudos não são para a natação, ou seja, uma lacuna na literatura.
Nosso grupo do Laboratório de Fisiologia do Desempenho Humano (LDFH/UFRRJ) realizou um estudo que comparou alongamento estático ativo, facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e controle, encontrando piora no desempenho em provas de curta distância (50m) em atletas universitários (Costa e Silva, 2014).
Utilizar métodos que sejam intensos antes de competições é temerário e desnecessário antes de treinos, agora aquela alongada prévia e tradicional dos nadadores (quase uma perfumaria) não tem problema algum. De toda forma eu continuo indicando o aquecimento direto na piscina como a melhor forma de se iniciar um treino ou uma competição...agora qual método de aquecimento utilizar? (isso é outra resenha)
Costa e Silva, G., A. Silveira, et al. (2012). "Efeito agudo do alongamentocestático sobre a força muscularcisométrica." Conscientiae Saúde 11(2).
Dantas, E. H. M., R. Daoud, et al. (2011). "Flexibility: components, proprioceptive mechanisms and methods." Biomedical Human Kinetics 3: 39 – 43.
Torres, J. B., M. C. S. C. Conceição, et al. (2009). "Acute effects of static stretching on muscle strength." Biomedical Human Kinetics 1(-1): 52-55.



TESTE T 30
• Desenvolvido por Oldbrecht e col. (1985) no Institute for Sports Medicine em Colônia (Alemanha);
- consiste numa tomada de tempo de 30 minutos; 
o nado deve ser realizado em esforço máximo e num ritmo regular do início ao fim;
os resultados são convertidos para uma velocidade média por 100 metros.
Como calcular o tempo para cada 100 metros?
Ex: Distância nadada = 2.500 metros
Tempo 30 minutos = 1.800 s
Ritmo para 100 metros = 1800/25 = 72 s - 1:12
É um teste indicado para nadadores adultos com capacidade razoável.
Principal vantagem – não invasivo, e indicador válido para se trabalhar no limiar de lactato.
Desvantagens – os testados devem se esforçar honestamente.
Não abrange o ritmo de limiar para nadadores de peito e borboleta.

Ritmo para outras distâncias, ex. 400m - 1:12 s x 4 = 4:48s
Fator de correção para distâncias menores que 300 metros
200 metros tempo do T-30 - 2 segundos
100 metros tempo do T-30 - 1,5 segundos
* 50 metros tempo do T-30 - 1 segundo

*validade 

Dekerle J, Sidney M, Hespel JM, Pelayo P. Validity and reliability of critical speed, critical stroke rate, and anaerobic capacity in relation to front crawl swimming, performances. Int J Sports Med. 2002;23:93-8.
Deminice R, Prado Júnior MV, Papoti M, Zagatto AM. Utilização de métodos não invasivos como indicadores da capacidade aeróbia e da performance em natação competitiva. Rev Bras Ciên e Mov. 2003;(edição especial):S130.

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